terça-feira, 31 de agosto de 2010

A escolha do terreno ...

Por que eu escolhi esse terreno entre tantos que apareceram?

Bem por este único lugar que aparece na foto da pagina inicial do blog, a pequena cachoeira preencheu meu mundo no instante que a vi, me apaixonei por ela a ponto de ter pequenas discussões sobre tirar ou não tirar algumas árvores que rolaram nas últimas chuvas.


Mas o momento certo da escolha? Sim tive o momento certo e ocorreu com tudo que podia dar errado...

Naquele dia amanheceu chovendo, era um domingo, e apesar de ainda ser verão estava frio, isso é uma regra em Apiaí, chuva é igual a frio.

Davi estava passando o fim de semana comigo e minha família, evento que vem ocorrendo desde minha transferência de serviço da cidade de Itapeva para Apiaí em dezembro de 2009 e graças ao meu nervosismo por querer ver o terreno e ele querendo agradar por estarmos mais longe que o normal, me levou até o Bairro Mineiros para ver o tal terreno que já a dona "a Dna Ana" havia aceito a proposta de pagamento mediante minha aceitação após a visita.

Fomos então com frio, de moto e usando blusa pesada e bota velha. Chegando lá eu tiritava de frio mas não reclamava, Davi já fazia isso por mim. Eu entendia o lado dele e vou tentar descrever o que ele via, um terreno montanhoso ou melhor "só barranco", com uma pequeno riacho passando no meio.Na maior parte da faixa plana estava alagado e lotado de rosário e alguns pés de taboa. Na faixa plana a única parte seca tinha tanto mato que no dia achamos que tudo estava alagado, da "entrada" do terreno se via uma divisa de mata e na parte mais alta a cerca de divisa. Ele olhava pra mim e dizia "não tem nada aqui" e eu quieta tentando ver aquilo transformado.


Nessa hora é que piorou, a garoa começou e eu de caso pensado resolvi adiar a visita, lógico que pra voltar com a Marcia, ela com certeza iria ver o que eu via, mas o Davi me conhecendo melhor do que eu achava percebeu meus planos e resolveu "já que estamos aqui vamos ver tudo, ai você da a resposta que não quer, nos vimos outros sítios melhores que esse". Estava tudo resolvido na cabeça dele.

Tiramos as blusas e escondemos da garoa para estarem secas quando estivessemos de novo na moto. E ficamos ali debaixo da garoa, tentando adivinhar qual seria o caminho correto para ver o terreno e como tudo podia piorar, piorou, fomos pelo lado errado e acabamos atolados até o joelho tentando atravessar a parte mais rasa do riacho e entre um ajudar o outro estavamos os dois se arrastando no barro, porque de´pé era impossível e quando conseguimos chegar na parte seca estavamos na parte ingrime do morro, parecia uma parede. Pra subir foi um sufoco, estava escorregadio, precisávamos da mão pra subir, mas estávamos de pé ... e o Davi xingando e eu ria e perdia as forças, comigo isso acontece sempre, mas não tinha como não rir.

E quando finalmente chegamos na parte mais alta e plana vimos que havia do lado contrário uma pequena ponte, taaaa ,uma tabua, que facilitaria e muito a travessia e ai até o Davi riu...

Descansamos um pouco e ficamos lá analisando o terreno, olhando de cima ficava mais fácil, pelo menos dava pra ver o terreno e escolhemos um local melhor pra descida e logo que avistamos a pontinha eu fiz aquela cara, aquela de cachorro caído da mudança, e o Davi logo entendendo "tá, já que estamos aqui vamos dar uma olhada na tal cachoeira, não deve ser grande coisa, é só olhar o terreno".


E fomos beirando o rio e chegando perto da mata e a um metro de distancia ele avisou "deixa eu ver, se não for grande coisa você nem precisa entrar,ai vamos embora".

Eu fiquei olhando ele entrar na sombra das árvores e sumir, eu podia ouvir o barulho da água caindo nas pedras e da garoa nas folhas e quando olhei de novo ele estava na entrada da mata -"F..." - eu apertei os olhos e de momento não entendi a cara que ele fez e nem quando falou "vem ver".

Comecei a andar um pouco pesada pelo barro que acumulava no sapato e torta,já esperando pelo tombo, desci no riacho quando já não tinha mais barranco e vi escondidas pelas árvores muitas bromelias e a pequena cachoeira que descia em degraus formado patamares e locais perfeitos para sentar dentro dágua e relaxar. Algumas árvores rolaram com as chuvas formado bancos, o local era perfeito.

Sabe aquele local que você esquece os problemas e só quer sentar e não sentir o tempo passar. Todo mundo tem o seu lugar, aquele era o meu...

Hoje sei que naquele momento não havia visto toda a beleza porque ainda acho detalhes novos.


Minha cara era tão maravilhada que quando olhei pro Davi ele sabia que aquele era o terreno que eu queria, o que eu procurava, e ainda bem que a Dna Ana não estava junto ou pediria o dobro,rsrs, e acredito que até hoje ela não saiba que vendeu algo sem preço pra mim.


Ficamos la fotografando o local e porque também eu não conseguia ir embora de imediato, aquele local era meu, já era meu, eu queria ficar apesar da garoa, do frio, da roupa molhada, pesada e suja, suja? não! eu tinha em minhas roupas marcas daquela terra sagrada, o que é sagrado não pode ser sujeira e era ali que eu queria ficar.


Quando chegamos na casa de minha mãe e ela perguntou "e ai ? esse terreno é bom?" o Davi respondeu "acredito que ela feche o negocio essa semana" e não comentou mais o assunto ...

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